SLOW MEDICINE – Um novo conceito?

Marcus Carvalho Fonseca – julho de 2023

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Este texto contém trechos adaptados de respostas obtidas no Chat GPT-4. Esse modelo é capaz de responder perguntas, fornecer explicações detalhadas, gerar conteúdo original e até mesmo manter diálogos interativos com os usuários. Mais detalhes veja no link: https://profrances.com.br/blog/chat-gpt-4/#:~:text=O%20Chat%20GPT%204%20%C3%A9%20capaz%20de%20responder%20perguntas%2C%20fornecer,sua%20capacidade%20de%20aprendizado%20aut%C3%B4nomo.

Tudo começou na década de 1980 como uma reação a fast food e à industrialização da produção alimentar, com a criação da Slow Food, uma organização global fundada em 1989 com o objetivo de impedir o desaparecimento das tradições e das culturas alimentares locais, contrastar o ritmo frenético de vida e a diminuição do interesse das pessoas por sua comida e a origem dela, e divulgar como as nossas escolhas alimentares podem afetar o resto do mundo. Veja mais no link (https://www.slowfood.com/pt-pt/quem-somos/a-nossa-historia/)

O movimento slow food defende a valorização da comida local, sazonal e tradicional, promovendo a agricultura sustentável, o comércio justo e a preservação da diversidade cultural e biológica. No rastro do sucesso desse movimento surgiram vários outros movimentos slow que atuam em diferentes áreas e setores da sociedade. Alguns exemplos incluem:

Slow Travel: Promove uma forma de viajar mais consciente e sustentável, enfatizando a imersão na cultura local, a redução da velocidade e a apreciação do processo de viajar em vez de apenas focar no destino final.

Slow Fashion: Propõe uma abordagem mais ética e sustentável para a indústria da moda, incentivando a compra de roupas duráveis, produzidas de forma responsável em termos ambientais e sociais, e promovendo a valorização do trabalho artesanal e do comércio justo.

Slow Education: Defende uma educação mais centrada no aluno, que valoriza a aprendizagem significativa, a reflexão, a criatividade e a conexão com o mundo real, em contraposição a uma educação focada apenas em resultados e em uma abordagem padronizada.

Todos esses movimentos e outros não citados compartilham a ideia de desacelerar, apreciar o presente e adotar uma abordagem mais sustentável, consciente e humana em diferentes aspectos da vida.

A Slow Medicine surgiu na Itália com um artigo do cardiologista italiano, Alberto Dolara, que se inspirou nos pressupostos do movimento Slow Food. No link https://www.slowmedicine.com.br/algumas-breves-consideracoes-respeito-artigo-de-alberto-dolara/ você vai encontrar considerações sobre a carta de Dolara.

E assim nos parece ser também na área da saúde, onde a integralidade do cuidado contempla a visão do ser humano como um todo, um indivíduo biopsicossocial que demanda cuidados dos profissionais da saúde e de si próprio.

A “medicina sem pressa” enfatiza a importância do tempo na prática terapêutica, permitindo que os profissionais da saúde dediquem mais atenção e escuta aos pacientes, promovendo a medicina preventiva e evitando intervenções desnecessárias. Isso é particularmente importante no tratamento da doença de Parkinson, já que devido a sua complexidade e aos múltiplos sinais exige dos pacientes uma constante atenção aos seus sintomas, cujas mudanças devem ser relatadas aos profissionais que o acompanham. Esses por sua vez devem dedicar especial atenção, uma habilidade diferencial, de ouvir atentamente os sintomas relatados e buscar o melhor diagnóstico da evolução da doença, fazendo os ajustes necessários na medicação e nas terapias.

Alguns princípios-chave da “medicina sem pressa” incluem:

1. Tempo para reflexão: permitir que os profissionais de saúde tenham tempo suficiente para avaliar minuciosamente as condições dos pacientes, considerar várias opções de tratamento e se envolver na tomada de decisões compartilhada.

2. Atendimento individualizado: reconhece que cada paciente é único e suas necessidades de saúde devem ser atendidas de forma personalizada. Na medicina sem pressa os profissionais de saúde devem considerar os valores, crenças e estilos de vida dos pacientes ao desenvolver planos de tratamento.

3. Continuidade do cuidado: promove relacionamentos de longo prazo entre pacientes e profissionais de saúde. Reconhece os benefícios da continuidade dos cuidados em termos de confiança, comunicação e compreensão das necessidades individuais de saúde.

4. Prevenção e promoção da saúde: enfatiza a importância de medidas preventivas e estratégias de promoção da saúde para manter o bem-estar geral. Reconhece que uma abordagem proativa aos cuidados de saúde muitas vezes pode prevenir ou minimizar a necessidade de intervenções mais invasivas e caras.

5. Considerações éticas: incentiva os profissionais de saúde a considerar as implicações éticas em seu processo de tomada de decisão. Enfatiza a importância de respeitar a autonomia do paciente, evitando intervenções desnecessárias e considerando os potenciais malefícios e benefícios dos tratamentos.

Na minha opinião, todas essas características estão de uma forma ou de outra, expressas nas premissas e diretrizes do SUS, que objetivam melhorar os resultados e aumentar a satisfação do paciente e promover uma experiência de saúde com mais qualidade.

A questão não é conceitual e sim de ordem operacional, pois sabemos que em muitos casos a falta de profissionais da saúde em número suficiente para atender a demanda compromete a capacidade de ação e a imagem do SUS. É um conceito que deve ser divulgado, não como um novo modelo que substitua os atuais, mas como uma estratégia de relacionamento profissional / paciente que reforce os aspectos positivos de práticas não só da medicina, mas de todas as especialidades da área da saúde.